domingo, 15 de junho de 2014

Sucesso de "A Gaiola Dourada" de Ruben Alves (2013)

 
"A Gaiola Dourada” (título original em francês: “La cage dorée”) é um filme francês de comédia, escrito e realizado pelo luso-francês Ruben Alves, que retrata a comunidade de emigrantes portugueses radicados em França.

O filme estreou em França a 24 de abril de 2013, tendo estado 22 semanas em exibição e alcançado mais de um milhão e duzentos mil espectadores.


Acompanhamos Maria (Rita Blanco) e José Ribeiro (Joaquim de Almeida), um casal luso a viver há 30 anos num dos melhores bairros de Paris. Ela é porteira do prédio (a ‘gaiola dourada’), ele trabalha nas obras.

Ambos são fulcrais para os patrões, embora esse reconhecimento só surja quando o casal recebe uma avultada herança com a condição de se mudarem para Portugal e fica num dilema, entre cumprir o sonho ou manter a rotina. A coscuvilhice lusa leva a que todos saibam da herança secreta e, às escondidas, os patrões franceses vão tentar convencer o casal a ficar.


As características mais portuguesas são o âmago do filme tanto no lado mais cómico, como no lado mais sério. Destaque ainda para a estridente e divertida Maria Vieira e a surpreendente actriz luso-francesa Bárbara Cabrita, que faz de filha de Maria e José, num papel intenso.

O filme tem uma pequena participação do futebolista Pauleta (que representou o Paris Saint German), que aparece subitamente para a festa final. 


Porquê o título - a "Gaiola Dourada" ?

Um dia, Ruben Alves viu uma reportagem sobre uma porteira portuguesa que trabalhava em Paris. A câmara seguia a senhora durante todo o dia de forma a documentar o seu quotidiano.

A última pergunta da reportagem foi: “A senhora está aqui há 40 anos e a reforma está quase a chegar... vai voltar para Portugal?”. A senhora olha para a câmera e diz: “Claro que quero voltar para o meu país.” Depois pensa em silêncio e acrescenta: “Mas ao mesmo tempo, sinto-me tão bem na minha ‘Gaiola Dourada'".


Um produto de amor

A "Gaiola Dourada" é um produto de amor (aliás o título na Alemanha foi "Portugal mon amour"). O filme de Ruben Alves foi feito em França, com financiamento francês mas conta uma história profundamente portuguesa. Uma homenagem sentida em cada cena filmada pelo actor/realizador/guionista luso-francês.

E se o filme faz-nos rir também nos comove quando chegamos à consumação do sonho, no nosso Douro, tão bonito como só ele sabe ser. As filmagens tiveram como cenário a Quinta dos Malvedos da Família Symington, em Alijó, nas encostas do Douro.



Julga-se que há mais de 800 mil portugueses em França. A maior parte partiu nos anos 60, 70 e 80 e ocupou cargos pouco qualificados. O filme pega no estereótipo do casal português em que ela é porteira e ele trabalha na construção civil para mostrar de uma forma muito divertida mas com dilemas e traumas reais quem são estes portugueses em França.

Os temas que o filme aborda são profundos: quem são e o que sentem estes portugueses, a forma como são tratados pelos franceses, o amor incondicional por Portugal, o peso de 30 anos a viver em França entre os estereótipos, o dilema entre voltar à pátria e continuar a viver na rotina francesa, a relação difícil dos filhos com a sua ‘Portugalidade’


Fado

Um dos momentos mais emocionantes do filme é, sem dúvida, a interpretação do fado "Prece" de Amália por Catarina Wallenstein, que inclui o verso:"Das mãos de Deus tudo aceito, mas que morra em Portugal".

Era importante para Ruben Alves ter fado no filme, pois, além ser fã da música, o filme era sobre Portugal: "O que eu gosto nela é que ela não é cantora de fado, mas tem um lirismo na voz que eu acho interessante para o meio cinematográfico. E ela é actriz, era importante ter alguém que cantasse e interpretasse.

Gravámos mesmo com guitarristas e numa casa de fado, não como num estúdio. Cada minuto foi em directo, como numa casa de fado, tudo fechado, um calor horrível. Depois de quatro minutos eu disse 'corta', virei-me e estava a minha equipa toda a chorar. E eram franceses! Pensei que era bom sinal, se aqui estão a chorar, imagina os imigrantes, que vão perceber melhor."


O português em França

O português de França é bem visto a nível profissional, integrado, conhecido por ser corajoso e disponível, mas não há representação forte nos media ou no audiovisual. Quem são? Como vivem a emigração?

O realizador Ruben Alves quis pôr a nu estas questões e humanizar os portugueses, para mostrar que há mais nas pessoas para além da porteira e do homem das obras.

O filme não é autobiográfico mas é inspirado nos pais do realizador, que têm o mesmo perfil dos protagonistas. Nas sensações, na maneira de pensar e ver a vida.

Ruben Alves tentou dar uma alma portuguesa a este filme francês. Talvez seja o filme francês mais português de sempre.


Sucesso de crítica e bilheteira

O filme "A Gaiola Dourada" foi o 14º título de produção europeia com mais espectadores em 2013 no conjunto das salas de cinema dos países da União Europeia. Em França, o filme foi exibido ao público pela primeira vez, a 24 de abril de 2013, tendo tido uma grande afluência logo na primeira semana, com perto de mil espectadores por sala, o que representaria em média, 40 mil espectadores por dia.

Foi elogiado pela crítica francesa que considerou como "humano, sensível, irónico e sem pretensão" e um crítico francês considerou que poderia transformar-se "na comédia do ano".

Na antestreia, no Gaumont Marignan, em Paris, surgiram várias porteiras portuguesa, emigrantes em França, para ver o filme tendo uma delas sido entrevistada pelo jornal francês Le Figaro, expressando a sua felicidade pois era a primeira vez que alguém as retratava.


Apesar de ser sobre uma família portuguesa tem uma parte muito universal com que todos se podem identificar. Foi por isso que o filme foi tão bem recebido não só pela comunidade portuguesa, mas pela francesa e até árabe.

O filme teve críticas muito boas mesmo de jornais intelectuais como o Le Monde ou o Telegrama. Tocou ao grande público, dos trabalhadores à classe mais alta. Mas o sucesso veio muito do boca a boca. É um filme pequeno, com um elenco de gente pouco conhecida em França. Tornou-se num fenómeno através da comunidade portuguesa. Houve reportagens sobre as idas de família inteiras às salas, algo que não se via em França à muito tempo. E no final batiam palmas, cantavam e até dançavam!

O sucesso de bilheteira em França motivou igualmente o cartunista KK a fazer um cartoon com a comparação entre o Iron Man e Iron Woman (que era a Maria) ilustrando com o título "Box-office: "La Cage Dorée" tient tête à "Iron Man 3".


Prémios e nomeações


Séléction Officielle Compétition Festival de l'Alpe d'Huez de 2013 (Prémio do Público, Prémio de Interpretação Feminina)

Prémios do Cinema Europeu - nomeado na categoria Prémio do Público

Nomeado para os César na categoria de melhor primeira obra

Fontes/Mais informações:wikipedia / destak / facebook / diário digital / cinemaschallenge / Lauro António apresenta / Próximo nível / C7nema.netImdb / TSF

  


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