segunda-feira, 7 de junho de 2010

Programa "Atlântico" de Eugénia Melo e Castro e Nelson Motta (1998)

Misturar fado e MPB dá certo. O resultado, muitas vezes, é puro pop. Isso é o que a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro vai mostrar no programa "Atlântico".

Eugénia resolveu experimentar com cantores brasileiros e portugueses o que já faz há 20 anos. "Sempre compus e cantei com artistas do Brasil. A ideia do projecto surgiu quando percebi que poderia, num programa de televisão, promover a mesma integração que sempre busquei em minha carreira solo", disse Eugenia.

Leila Pinheiro e Rui Veloso, que já fizeram shows juntos em Lisboa, vão cantar "Eu Sei que Vou te Amar", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Chico César e Né Ladeiras apresentam uma musica em um dialecto galego.

Ed Motta divide o palco com o grupo português Black Out (…). Com canções em inglês, dão um tom pop ao programa. Pop também é a apresentação de Fernanda Abreu com o grupo Cool Hipnoise. Para Nelson Motta, a grande revelação será a portuguesa Dulce Pontes. Ao lado de Simone, ela canta "Sinal Fechado", de Paulinho da Viola", e "Brasil", de Cazuza. Tudo sem sotaque.

"A maioria dos artistas portugueses que estão no programa tem proximidade com a música brasileira. Acredito que este é o momento propício para o encontro musical entre o Brasil e Portugal", diz Motta.

Para ele, o projecto está sendo possível porque "os brasileiros estão descobrindo que nem tudo que se canta em Portugal é fado".

Fonte: Anna Lee, Folha de São Paulo (adaptado)

Afinidades musicais através do Mundo

O Projecto Atlântico lembra que a batida africana move a MPB. Que o lamento do fado embala os indianos de Goa.

Que o romantismo chinês foi semeado nas colónias enquanto os portugueses introduziam o bolinho de bacalhau em Macau.

Que há um roqueiro goês apaixonado por Caetano Veloso. Que Bombaim é corruptela de Boa Bahia e há indianos praticando afoxé.

Eugénia lembra que o português é nosso e não se limita só a Brasil e Portugal. E que esses ritmos Lusitanos, africanos, asiáticos são também a nossa língua e a nossa maior riqueza.

Fonte: Norma Couri / Estado de São Paulo

Duplas e triplas

A cantora montou algumas duplas. Outras se escolheram, elas mesmas: Maria Bethania e Misia, por exemplo. "Elas já tem um trabalho juntas", conta Eugénia.

"A Marisa Monte sugeriu que sua parceira fosse Cesária Évora e a sugestão foi aceite", continua. Cesaria, de Cabo Verde, e a única representante das antigas colónias africanas. "Eu sugeri que Gilberto Gil fizesse sua participação em trio com Maria João e Mário Lajinha", prossegue. Afinidades estilísticas orientaram a formação dos duos (Gil, Maria João e Lajinha são o único trio).

Os outros participantes: Fernanda Abreu e o grupo 'pop' Cool Hipnoise; o pianista Wagner Tiso e o flautista Rao Kiao; os cantores Ney Matogrosso e Paulo Bragança; Chico César e Né Ladeiras; Leila Pinheiro e Rui Veloso; Milton Nascimento e Sergio Godinho; Caetano Veloso e Pedro Abrunhosa; Simone e Dulce Pontes; Herbert Vianna (dos Paralamas) e Rui Reininho (do grupo GNR). Finalmente, Chico Buarque e Eugénia Mello e Castro.

"Ninguém queria fazer dupla com o Chico", Eugénia fala, muito séria, embora não a sério. "Então, para que ele não ficasse de fora, aceitei cantar ao seu lado."

Fonte: Mauro Dias, Estado de São Paulo (adaptado)

Audio/Sintonia Fina (excertos): (1), (2)

Mais informações: (1)

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