terça-feira, 2 de março de 2010

"A Janela" de Chris Eckman (2000)

Tudo começa, bastante explicitamente, pela própria capa: uma fotografia em que a luz reflectida pela parede de um edifício lisboeta da Calçada da Estrela faz entrar pela janela aberta de um apartamento mergulhado na escuridão a imagem de uma outra janela situada em frente.

Na contracapa e no interior, outros dois ângulos de visão sobre o que se avista a partir do interior, complementados pelos agradecimentos à poesia de Fernando Pessoa e Eugénio de Andrade.

É, então, mesmo verdade: esta é a "Lisbon Story", de Chris Eckman, captada através do espaço da sua "janela" pessoal e dirigida à investigação do que se esconde atrás das "janelas" de um outro mundo físico e cultural, que, como sempre, não serve senão como revelador do universo individual interior.

Em resumo ... (Jornal "Público")

"A Janela" é o título, em português, do álbum a solo de Chris Eckman, líder do grupo norte-americano Walkabouts, de Seattle (...).

Chris Eckman, que mantém relações de amizade com uma portuguesa de nome Gabriela [Carrilho], citada no disco, utiliza também poemas de Eugénio de Andrade e Fernando Pessoa, mas não canta em português.

Gravado entre Junho de 1998 e Julho de 1999 em Portland, em Seattle e também em Lisboa, álbum traz na sua capa uma janela lisboeta.

Em "Rua Augusta", pequena faixa instrumental de um minuto e meio, Eckman utiliza sons gravados na baixa lisboeta tais como "slogans" de uma campanha eleitoral, vozes de pedintes, o barulho do trânsito.

"20 Minutes On a Train", outra das faixas do álbum, conta as emoções de uma viagem de comboio entre Cascais e Lisboa e em "Fadista" ouve-se a voz de uma cantora de fados.

Referências lusas (João Lisboa)

Os reagentes químicos desse revelador estão lá: na colagem ambiental de exteriores de "Rua Augusta"; no subliminar "sample" vocal de fado de "Fadista"; na suspensa atmosfera incidental com sons de vozes e sinos da Basílica da Estrela de "A Janela"; na referência a "rolling down the Cascais line" em "20 Minutes on a Train" e a "we'll get lost in the Baixa" de «Ghostface"; e nos "Sonhos e Sombras", que servem para designar os seis minutos da cinemática faixa final, de pura deriva sonora imaginária, num «dreamworld» virtual que encerra o álbum com as instruções da voz gravada de um «voice-mail» para guardar e apagar mensagens e conclui com o recado "Sorry, you're having trouble. Please try again later. Goodbye". (...)

Fontes: João Lisboa em "Semanário "Expresso" (adaptado) / Jornal "Público" / wikipedia



Thanks to: the recordists & the musicians, Gabriela, my family, The Walkabouts, Reinhard & Glitterhouse, the poems of Eugenio De Andrade, Carla, Darija & Pessoa, Gary, Francisco, Paula & David, Alvaro, Carlos

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