segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A história de Inês de Castro em "A Rainha Morta", peça de teatro de Henry de Montherlant (1942)

A atracção pela história de Pedro e Inês manteve-se na primeira metade do Século XX, prolongando a visão romântica do século anterior, sendo de realçar o sucesso de uma grande tragédia francesa, “La Reine Morte” de Henry de Montherlant que sete anos após a sua apresentação já possuía 144 edições e continuava com um sucesso triunfal.

O personagem em destaque é Afonso IV, sob o nome de Ferrante, que é tratado sob um ponto de vista freudiano.


Nesta tragédia em três actos, Henry de Montherlant mistura conflitos políticos com familiares. No argumento um rei doente – Ferrante - decide matar a mulher que casou secretamente com o filho. Nem ele compreende as razões que o levam a decidir a morte de Inês. No final, o rei morre à frente do cadáver da rainha morta.

Inês tem apenas um sentimento no coração: o amor. Ela nasceu para amar e não sabe fazer outra coisa.

Segundo Jean Louis Cochet, que encenou a peça na década de 70, "La reine Morte" é a tragédia do poder e da fraqueza (“la puissance et de la faiblesse"), da grandeza e da mediocridade ("la grandeur et de la médiocrité"), da velhice e da infância ("de la vieillesse et de l’enfance"), da coerência e da incoerência ("de la cohérence et de l’incohérence"). Tudo isto com o brilho admirável do humor e inteligência do seu autor Henry de Montherlant.


Teatro

"A Rainha Morta" foi publicada em 1942 pela Editora Gallimard, sendo a sua primeira apresentação teatral em 8 de Dezembro de 1942 no Teatro da Comédie-Française, com encenação de Pierre Dux, tendo como protagonistas Jean-Louis Barrault (o Rei Ferrante) e Madeleine Renaud (Inês de Castro).


Henry de Montherlant anotou nos seus Cadernos que a (recepção) geral foi pelo menos morna, e que só após alguns cortes operados no dia seguinte, a peça conhece um real sucesso público. Mas defende-se com ironia ter instilado no seu texto as alusões à actualidade dos tempos de guerra, que os espectadores de todos os quadrantes se mostravam inevitavelmente rápidos a detectar.



Televisão

A obra foi adaptada à televisão em 1961, sob direcção de Roger Iglesis, com  Geneviève Casile (Inès de Castro), Jean Yonnel (Ferrante) e Hubert Noël (Don Pedro).


Fontes: Maria Leonor Machado de Sousa (in "Du personnage au mythe") / Blog "Inês e Pedro na Literatura Estrangeira" / BDFF (Série TV 1962) / Plano Nacional de Leitura

5 comentários:

aindanéscios disse...

Bom dia,

Estou a procurar este livro aqui no Brasil e gostaria de saber se já existe uma traducção portuguesa dele. Se puderes me ajudar, agradeceria imenso!

Blogger disse...

Esta peça de teatro foi muito famosa no período pós-guerra, pelo que deverá ter tido edição em português (nomeadamente porque aborda uma temática da história de Portugal).

Hoje em dia já está um pouco esquecida, pelo que deverá ser mais fácil encontrar o livro em lojas que comercializem livros antigos (ou, então, em feiras do livro) ou em bibliotecas

Bruno Liam disse...

Bom dia,

Entendo..... Poderia indicar-me alguma loja portuguesa em que poderia encontá-lo?
Preciso demasiado deste livro mas não consigo encontrá-lo no Brasil. Por outro lado, não estarei no outro lado do Atlántico tão cedo. Se for possível ajudar-me.... agradeceria eternamente!

Obrigado!

Blogger disse...

Lamento, mas não o podemos ajudar, pelo que sugerimos que procure em lojas de livros antigos ou bibliotecas

Blogger disse...

Poderá contactar blogs e sites que se debrucem sobre a literatura inesiana

http://www.eps-ines-castro.rcts.pt/

http://depoisdemortafoirainha2.blogspot.com/