quarta-feira, 20 de maio de 2009

As Raincoats de Ana da Silva (1977-1984; 1993-)


As The Raincoats foram umas das pioneiras bandas rock totalmente feminina. Juntaram-se em 1978, em plena histeria pós-punk, na cidade de Londres que ainda ressacava os recentes ícones Sex Pistols e The Clash e abraçaram a new-wave que chegava do outro lado do Atlântico, de Nova Iorque. Eram quatro raparigas e a mais velha era portuguesa – madeirense de nascimento e Ana da Silva de seu nome.

Para além da guitarrista Ana da Silva, a banda era complementada pela carismática baterista Palmolive (que tinha abandonado as The Slits, outra legendária banda-rock feminina e que viria a partir para a Índia em 1979, sendo substituída por Ingrid Weiss), pela baixista Gina Birch e pela violinista Vicky Aspinall.

Separadas eram quase inóquas, mas em conjunto formavam uma combinação explosiva de punk-rock de cariz experimental, cujo violino de Vicky Aspinall contribuia em muito para uma sonoridade bastante particular.

As The Raincoats eram uma banda manifestamente feminina e não o era só devido ao seu alinhamento exclusivamente feminino; era-o na sua postura, nas suas músicas e nas suas letras, que passavam uma espécie de mensagem de emancipação da mulher, arruinando qualquer esteriótipo feminino que se atravessasse à frente.

Depois de três álbuns de originais – “The Raincoats” em 1984, “Odyshape” em 1981 e “Moving”, em 1984 – e de uma abrasiva reputação construída em terras de Sua Majestade, as The Raincoats anunciaram o seu fim. Que afinal era apenas um até já.

Com efeito, dez anos depois, Kurt Cobain, mítico líder dos Nirvana e símbolo do movimento grunge, repescou as The Raincoats desta vez para o reconhecimento internacional. Tidas como influência fulcral da sua música, Kurt Cobain exigiu que os álbuns das The Raincoats fossem reeditados, para que a sua música pudesse ser descoberta por uma nova geração.

Inesperadamente, viram-se nas bocas do Mundo quando menos o esperavam e Ana da Silva e Gina Birch reavivaram as The Raincoats, desta vez com Heather Dunn na bateria e Anne Wood no violino.

Fonte: Rua de Baixo

A admiração de Kurt Cobain

Depois das aventuras musicais, Ana Paula foi trabalhar para o Antiquário que entretanto o seu primo [Manuel Castinho] tinha aberto em Londres.

Em Maio de 1993, Kurt Cobain escreveu nas notas do álbum "Incesticide", dos Nirvana, que as Raincoats tinham sido uma das bandas que mais o influenciaram.

Mais ou menos por essa altura, Kurt Cobain passa por Londres à procura de uma cópia nova do álbum "The Raincoats", já que a sua se encontrava danificada e foi à loja da Rough Trade, mas ficou a ver navios, já que não havia cópias.

Prestável, a empregada da loja forneceu a Kurt Cobain a morada do Antiquário de Manuel Castilho onde Ana Paula trabalhava, mas nem assim teve sorte. Ana Paula não só não tinha o disco, como não reconheceu Kurt Cobain (como pode?), mas aceitou ficar com uma morada.

Só mais tarde Ana Paula se apercebeu da gaffe e enviou discos e outro material.

Kurt Cobain acabou por interceder pela reedição da obra das Raincoats e estas dedicaram-lhe o "Extended Play", o EP de reunião de Julho de 1994.

Fonte: Guedelhudos (ié-ié)

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