sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"A noite do oráculo" de Paul Auster (2004)

Paul Auster é um dos mais famosos escritores norte-americanos da actualidade. No seu romance "A noite do oráculo" há várias referências a Portugal.

Sidney Orr, o personagem principal, é um escritor que recupera de um coma prolongado ao qual ninguém esperava que sobrevivesse.

Fraco e débil, Orr dá um passeio matinal todos os dias pela cidade de Nova Iorque. É numa dessas deambulações que entra numa papelaria misteriosa e compra um caderno azul, fabricado em Portugal. Sidney recupera a vontade de escrever e traça, no caderno azul, a história de um editor que tem na sua mesa de trabalho uma outra história: A Noite do Oráculo.

A meio do livro, a personagem do escritor Sidney Orr diz: "Pessoa é um dos meus escritores preferidos. Deitaram abaixo Salazar e agora têm um governo decente. O terramoto de Lisboa inspirou Voltaire a escrever 'Candide'. E Portugal ajudou milhares de judeus a fugirem da Europa durante a guerra. É um país bestial."

Sinopse (excerto)

No dia 18 de Setembro de 1982, após vários meses de recuperação de uma doença quase fatal, o escritor Sidney Orr entra numa papelaria de Brooklyn e compra um bloco de notas azul de fabrico português. Nos nove dias que se seguem, Sidney vai viver sob a influência do livro em branco, preso num universo de arrepiantes premonições e de acontecimentos desconcertantes, que ameaçam destruir o seu casamento e minar a sua confiança na realidade.

Porquê a referência a Portugal

“Pensei pela primeira vez na ideia de escrever um livro sobre um caderno em 1982, justamente o ano em que decorre “A Noite do Oráculo”. Na altura escrevi algumas páginas que, no entanto, acabaram por ficar de lado à espera do dia certo.

Porque é que o caderno é feito em Portugal ? Não consigo dizê-lo. (...) Achei Lisboa uma cidade extremamente interessante, gostei de passear por Alfama e, se calhar, foi por isso que me lembrei de Portugal. Talvez tenha sido por causa do meu desejo de voltar.”

Opinião do autor sobre Portugal

Há muitas coisas que recomendam Portugal, historicamente e recentemente.

[No princípio dos anos 90] eu ia escrever um filme para Wim Wenders sobre Lisboa e fiz muita pesquisa. Então vim cá, e um jovem historiador passou três ou quatro dias comigo. Andámos por toda a cidade, ele mostrou-me tudo. Foi fascinante. Esta cidade não é como as outras capitais europeias.

Há muito mais da velha cidade que permaneceu, é realmente uma velha cidade medieval, no século XXI. Tem este estranho efeito de sobreposições, de várias eras presentes ao mesmo tempo. E ao mesmo tempo é muito remota, no extremo da Europa, não é o centro de nada. O que lhe dá uma qualidade de que gosto muito. (...)

Fontes: Janela para o rio, Público (Alexandra Lucas Coelho), rascunho, Sara Belo Luís

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