segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"Último acto em Lisboa" de Robert Wilson (1999)

Robert Wilson é um escritor britânico de romances policiais actualmente a viver em Portugal.

Wilson fez uma pesquisa bibliográfica e histórica excelente e misturou-a habilmente com a ficção contando uma história passada em Portugal mas que começa em 1940 simultaneamente na Alemanha e em Portugal. Além disso passou bastante tempo na Beira Baixa para pesquisar para o livro e a falar com pessoas que ainda estavam vivas e viveram os tempos do volfrâmio.

Wilson conhece muito bem os portugueses (vive no Alentejo), como se comportam e o seu temperamento e consegue descrever muito bem no livro, várias dessas idiossincrasias, quer em termos históricos, quer mais recentes.

Sob o ponto de vista de uma lição de história, mas não só, o livro é excelente, quer na construção do enredo e, quer nas personagens e nas descrições de paisagens e lugares.

A acção é construida baseado-se numa série de acontecimentos que se iniciam nos anos 40, por um grupo de personagens mas não todos derivados de uma linha familiar, como por exemplo, uma história onde se descreveria o que acontece a sucessivas gerações.

Antes, Wilson junta personagens diferentes, de nacionalidades diferentes, relaciona - as com o tempo histórico que se vivia – a 2ªguerra mundial - e tudo é descrito tendo em conta as interacções entre os personagens e como os actos de alguém há 50 anos virão a originar repercussões enormes nos anos 80 e 90.

É também a historia de como – indirectamente – o regime Salazarista se fortaleceu com a guerra (economicamente e politicamente) usando para isso a venda do volfrâmio, um metal muito duro e denso que era usado para fabricação de filamentos de lâmpadas eléctricas, e acima de tudo, de ligas de aço poderosas, essenciais para blindagem de tanques. (...)

Sinopse

A historia é contada de duas formas, alternando a narrativa. Uma passada nos anos 90, a outra passada nos anos 40.

Começa com o recrutamento do Sr. Klaus Felsen para as SS (...) a sua missão é a seguinte: é encarregue de fazer chegar até às 3000 toneladas por ano a importação de volfrâmio para a Alemanha, quer importando-o legalmente, quer por contrabando.

Na acção que decorre nos anos 90, o inspector Zé Coelho, é escolhido para resolver um caso. É escolhido por ser uma criatura difícil, e porque o caso é estranho. Trata-se de descobrir um homicídio de uma rapariga chamada Catarina Oliveira de 16 anos que morre em Monsanto. Caso relacionado com acontecimentos que se iniciaram 50 anos antes.

Wilson vai assim alternando na escrita; capítulos passados em Lisboa, Beira Baixa e Berlim de há 50 anos atrás e momentos na década de 90 em Lisboa e na zona de Sintra – Azenhas do Mar. As descrições do “terreno” são muito boas com imensos pormenores.

(...)

Fonte: Dissidente-x

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