quarta-feira, 16 de abril de 2008

"Os Judeus do Desterro de Portugal" de António Carlos Carvalho


António Carlos Carvalho, jornalista e escritor, estudou o destino dos sefarditas nas suas múltiplas pátrias adoptivas, tendo concluído que a língua portuguesa sobreviveu durante várias gerações.

No seu livro, afirma que os judeus portugueses "talvez fossem os melhores de nós", e por isso foram expulsos.

(...) os desterrados dos séculos XV e XVIII mantiveram sempre uma estranha ligação afectiva, 'filial', com o país, ou a terra, que os rejeitou, e até mesmo com os reis, de que foram agentes, servidores, financeiros, numa relação que ultrapassa a simples lógica. Como se nunca tivessem conseguido cortar o cordão umbilical. E, desterrados, fizeram uma obra que ficou para a História, mas de que Portugal não soube beneficiar.

Os judeus portugueses, os denominados sefarditas, recusavam nos países de acolhimento misturar-se com Ashkenazim, julgando-se superiores. Porquê?

Ainda hoje, nos Estados Unidos, como se refere no livro, os descendentes dos judeus portugueses e espanhóis consideram-se uma espécie de nobreza de Israel – são os 'grandes' –, em contraste com as outras correntes migratórias (alemães e russos) que se instalaram em terras americanas. A origem desse sentimento de distinção, em que alguns vêem simples orgulho, reside numa tradição que remonta à dispersão das dez tribos perdidas: ficaram duas e os sefarditas diziam-se seus descendentes.

Baruch Espinosa e Amato Lusitano são algumas das grandes figuras judaicas de origem portuguesa. A expulsão de 1496 e a posterior perseguição aos cristãos-novos sangrou Portugal de gente que poderia ter sido essencial para o seu desenvolvimento. (...)

Marrocos, Holanda, Peru, Jamaica, América do Norte, Império Otomano constam entre as pátrias de adopção dessa gente (...)

Fonte: L. P.F. / DN (14-08-1999)

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