quarta-feira, 15 de abril de 2020

Vianna da Motta (1868-1948), um dos maiores pianistas do seu tempo


José Vianna da Motta, considerado o maior pianista português de sempre, e um dos maiores do seu tempo, nasceu na ex-colónia portuguesa de São Tomé.

Pouco tempo depois, viajou para Lisboa com os seus pais, José António da Motta, um farmacêutico, e Inês de Almeida Vianna, onde veio a estudar no Conservatório Nacional de Lisboa, então designado Conservatório Real de Lisboa.


Revelou cedo uma grande proficiência para a música, particularmente para o piano, tendo composto a sua primeira peça musical com 5 anos de idade.

Por iniciativa do seu pai, foi levado à corte em 1874 tendo com isso obtido o patrocínio dos seus estudos pelo rei D. Fernando II e sua esposa, a Condessa de Edla.


Até 1882, apresentou-se várias vezes não só em recitais privados mas também em recitais públicos, nomeadamente no Salão da Trindade.

Durante esse período, compôs dezenas de obras - sobretudo para piano solo - dos mais variados géneros: valsas, mazurcas, polcas, marchas, fantasias, etc.


Após concluir os seus estudos no Conservatório Nacional em 1882, partiu para Berlim, custeado pelo real mecenas, ingressando no Conservatório Scharwenka onde teve aulas de piano com Xaver Scharwenka e aulas de composição com o irmão Philipp Scharwenka.

Estudou paralelamente com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana que exerceu grande influência em Vianna da Motta, a julgar pelo conteúdo dos seus diários.


No verão de 1885, frequentou um estágio de piano de Franz Liszt em Weimar tendo por isso sido um dos últimos alunos do mestre húngaro. Parte dessa experiência é relatada por Vianna da Motta nas suas obras literárias "A Vida de Liszt" e "Música e músicos alemães: Recordações, ensaios, críticas".

Em 1887, frequentou o curso de interpretação de Hans von Bülow em Frankfurt am Main, experiência descrita por Vianna da Motta na sua correspondência e posteriormente publicada na obra literária "Nachtrag zu Studien bei Hans von Büllow von Theodor Pfeiffer".

Com as Lemke, em casa de quem vivia em Berlim. Casou com Gerdel em 1897

Viana da Mota iniciou a sua carreira profissional em 1886, tendo dado mais de mil concertos por todo o mundo - muitos dos quais perante presidentes, Reis e Imperadores - sendo particularmente elogiado, pela imprensa e pela crítica, nas suas interpretações de Bach, Beethoven e Liszt.


Em 1888 realizou a sua primeira digressão europeia, acompanhando o violinista Pablo Sarasate em Copenhaga e Helsínquia e o violinista Tivadar Nachez em Moscovo e S. Petersburgo.

Até 1893 acompanhou alguns dos mais importantes cantores da época como Amalie Joachim ou o português Francisco D'Andrade.


Fez a sua primeira digressão americana em 1892, ano em que visitou Nova Iorque. Ali conheceu Ferruccio Busoni através de Arthur Friedheim, também aluno de Liszt.


Tocou pela primeira vez no Brasil em 1896, numa digressão com o violinista português Bernardo Moreira de Sá.

Voltou várias vezes à América do Sul, tendo sido muito aplaudido nos seus recitais em Buenos Aires, uma das cidades onde se apresentou mais vezes em público.


Tocou igualmente em França, Espanha, Inglaterra, Itália, Uruguai, Marrocos, etc.

Com o início da Primeira Guerra Mundial, Vianna da Motta viu-se obrigado a abandonar a sua residência em Berlim e, em 1915, instalou-se em Genebra. Aí dirigiu a classe de virtuosidade da Escola Superior de Música até 1917, ano em que regressou definitivamente a Portugal.

 

Na Alemanha foi-lhe concedido o título de "Hofpianist" (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota.

Foi Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (28 de junho de 1920), Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo (19 de abril de 1930) e Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2 de junho de 1938).


Considerado o iniciador de uma escola de carácter nacional no capítulo da música instrumental e orquestral, Vianna da Motta inspirado na nossa música, deu a muitas das suas composições um verdadeiro colorido nacional, exemplo disso são, entre outras, obras como as “Cenas portuguesas”, as “Rapsódias portuguesas” ou a “Balada” para piano, o Quarteto de cordas em Sol M, ou a Sinfonia “À Pátria” op.13, a sua obra-prima.

Fontes: wikipedia / Instituto Camões / Edições AVA / Arquivo RTP  / Blog de José Eduardo Martins /  Jornal "Público"  / José Poças (sobre a Correspondência com Margarethe Lemke)

Em Londres com Guilhermina Suggia em 1924
 

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