quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Luísa Todi (1753-1833), uma cantora para a eternidade


Luísa Rosa de Aguiar, conhecida como Luísa Todi, e também por La Todi, foi a meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos. Luísa, ainda com muito pouca idade, acompanhou seu pai, um professor de música, na vinda para Lisboa, juntamente com suas irmãs. Cedo entrou no mundo musical.

Foi, porém, o seu casamento, em 1769, apenas com 16 anos, com o italiano Francesco Todi, rabequista da Real Câmara e do Teatro do Bairro Alta que, conhecendo bem os seus recursos vocais e talento dramático, a entusiasmou para o teatro lírico, trazendo-lhe depois a internacionalização e a consagração.


Estreou-se em 1771 na corte portuguesa de D. Maria I e cantou no Porto entre 1772 e 1777, quando partiu para Londres para actuar no King's Theatre, sem particular aplauso por parte dos ingleses.

Em 1778 está em Paris e Versalhes, participando nos famosos "Concerts Spirituels" em Paris, onde foi considerada a melhor cantora estrangeira que actuou em França.

Em 1780 é aclamada em Turim, no Teatro Régio, tendo assinado um contrato como prima-dona, e em 1780 era já considerada pela crítica como uma das melhores vozes de sempre.


Brilhou na Áustria, na Alemanha e na Rússia. Veio a Portugal em 1783 para cantar na corte portuguesa. Regressou a Paris aos "Concerts Spirituels" tendo ficado célebre o "duelo" com outra cantora famosa de nome Gertrudes Mara. A crítica e o público dividiu-se.

Convidada, parte com o marido e filhos para a corte de Catarina II da Rússia, em São Petersburgo (1784 a 1788), que a presenteou com jóias fabulosas. Em agradecimento o casal Todi escreveu para a imperatriz a opera "Pollinia".

Pintura a óleo por Vigée-Le Braun (1785)

Curiosamente, porém, contava o Conde Walaweski, no seu "Romance de uma Imperatriz" que Catarina tinha uma audição defeituosa e nem sequer apreciava especialmente a música, embora não o confessasse geralmente.

Quanto às relações entre a Imperatriz e a Cantora, diz o mesmo autor que a primeira contava que por vezes encontrava Madame Todi em passeio. "Ela beija-me as mãos e eu beijo-a na face; os nossos cães farejam-se, ela toma o seu debaixo do braço, eu chamo os meus e seguimos os nossos caminhos".

Apesar desta aparente indiferença, o certo é que a Czarina não dava a qualquer pessoa a importância de a "Beijar na face". E, além disso, acrescentava que "quando canta, ouço-a, aplaudo-a e sentimo-nos bem a conversar as duas".

Berlim aplaudiu-a quando ia a caminho da Rússia e no regresso, Luísa Todi foi convidada por Frederico Guilherme II da Prússia, que lhe deu aposentos no palácio real, carruagem e os seus próprios cozinheiros, sem falar do principesco contrato, tendo ali permanecido de 1787 a 1789.

Participa  novamente nos "Concerts Spirituels", em 1789, sendo apelidada por alguns críticos como a melhor cantora do seu tempo. Regressando à Prússia poucas semanas antes do início da Revolução Francesa.


Em 1790 inicia uma digressão triunfante pela Alemanha. Diversas cidades alemãs a aplaudiram como Mainz, Hanôver e Bona, onde Beethoven a terá ouvido. Cantou ainda em Veneza, Génova, Pádua, Bérgamo e Turim. O período que esteve em Itália, na época de  1790/1791, ficou conhecido como "O ano da Todi". De 1792 a 1796 encantou os madrilenos novamente. Em 1799 terminou a sua carreira internacional em Nápoles.

Luísa Todi tinha a capacidade invulgar de cantar com a maior perfeição e expressão em francês, inglês, italiano e alemão. No livro de Anton Reicha, "Tratado da Melodia" Luísa Todi foi considerada "A cantora de todas as centúrias" melhor dizendo "Uma cantora para a eternidade".

Fontes:  Ruas de Lisboa / wikipedia / Cantores de Ópera Portugueses, 1º volume”, Mário Moreau / Blog Luísa Todi / "Alto: the voice of bel canto" /  Grandes Portugueses

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