Yolande Christina Gigliotti, filha de imigrantes italianos da Calábria, nasceu no Egipto em 1933, onde o seu pai tocava violino na Cairo Opera House.
Após ser eleita Miss Egipto, em 1954, é convidada a participar em alguns filmes. Embora não tenha tido muito sucesso, é descoberta pelo realizador francês Marc de Gastyne que lhe sugere que tente carreira em França, para onde se muda na véspera do Natal de 1954, com a intenção de seguir carreira cinematográfica.
Sem grandes oportunidades no cinema, começa a cantar num cabaré em Itália, mas a sua grande oportunidade surge quando participa numa audição no Olympia, que pré-selecionava candidatos para a série de apresentações de jovens talentos, “Les Numéros Uns de Demain”, no então recentemente reformado e re-inaugurado Olympia de Paris.
"Aie ! Mon Coeur (La Portuguesa)" |
Dalida interpretou a música "Étrangère Au Paradis" e Bruno Coquatrix, proprietário do Olympia, encantou-se com a interpretação da cantora que logo foi apresentada a Lucien Morisse (diretor artístico da Radio Europe 1) e Eddie Barclay (dono da editora Barclay), a dupla que desempenharia papel fundamental na carreira da artista.
O seu primeiro disco foi “Madonna”, versão francesa do tema “Barco Negro”, celebrizado por Amália Rodrigues. Mas foi com “Bambino” (versão da canção napolitana “Guaglione”), que se tornou um sucesso instantâneo em toda a França, tendo ocupado a primeira posição do top francês durante 39 semanas consecutivas, segundo dados da “Infodisc”.
Versão do tema "Sempre que Lisboa Canta" |
Os três primeiros discos de Dalida são bastante homogéneos, tendo todos o mesmo plano de fundo. Canções de origem portuguesa, espanhola e italiana, remetendo-a directamente ao personagem cigano e boémio delineado para ela, a exemplo das músicas “Fado”, “Gitane” e “Flamenco Bleu”.
Outros títulos, como “Bambino” e “Por Favor”, expressam literalmente a latinidade das canções, que, mesmo adaptada para o francês, mantém nos títulos expressões ou palavras de outras línguas. Este seria um costume marcante na carreira de Dalida, o qual ela manteria durante toda a vida artística, assim como o sotaque italianado, com os Rs bem enrolados.
"Ay ! Mourir pour toi" com inspiração em "Ai Mouraria" |
Influência de Amália
Na altura em que Amália triunfava no Olympia, Dalida começava a sua carreira, e se apresenta no Olympia em 1957 com artistas como Charles Aznavour e Gilbert Becáud.
Dalida sempre afirmou que Amália foi importante na sua afirmação como artista, pois Dalida cantou diversas canções do seu repertório como “Barco Negro” (versão da canção brasileira "Mãe Preta" com letra de David Mourão Ferreira), "Sempre que Lisboa canta" (da autoria de Carlos Rocha e Anibal Nazaré, com letra francesa de Jacques Plante) e “Aïe ! mourir por toi” (da autoria de Aznavour").
Ligações a Portugal
1º álbum “Son nom est Dalida” (1956) inclui “Madona” ("Barco Negro") e “Fado” (original de Henri Decker com letra de Michele Vendome)
2º álbum “Miguel” (1957), inclui "Aïe ! Mourir pour toi"
3º álbum “Gondolier” (1958), inclui “J'écoute chanter la brise (Sempre que Lisboa canta)"
4º álbum “Les Gitans” (1958), inclui “Aïe! Mon Coeur (La Portuguesa)”
E no tema "Le Vénitien de Levallois", da autoria de Didier Barbellivien e Eric Charden, existe uma referência a Portugal ("Le Portugais de Courbevois"), sendo curiosamente identificado no verso como "Le Venitien de Levallois, Le Portuguais de Courbevoie".
Extracto de Letra de "Le Vénitien de Levallois"
La France est devenu son pays
Quand on dit de lui que c'est un étranger
Il dit qu'on est tous des émigrés
C'est un vénitiens de Levallois
Un Français de cœur comme il y en a
Aventurier de l'aventura
C'est un baladin comme vous et moi
C'est un Portugais de Courbevois
Fado
Original de Henri Decker com letra de Michele Vendome, pseudónimo de Micheline Wrazkoff, tendo sido gravada quer por Henri Decker, quer por Dalida e pelo grupo Les Blues Stars.
Letra de "Fado"
Fado, fado
Le Portugal te doit ses nuits blanches
Quand au fond de l'ombre tu te penches
Offrant ta fraîcheur sous le ciel chaud
Fado, fado
Le soir sur la place on se rassemble
Et dès que ta voix se fait entendre
Toutes les mères rythment le fado
Tous les cœurs
Te confient leurs espoirs et leurs peines
Le bonheur se confond enfin avec les pleurs
Grâce au
Fado, fado
Quand la femme au châle noir te chante
C'est tout un monde que l'on invente
Rien que pour un refrain de fado
Fado, fado
Pour deux étrangers venus t'entendre
Le bonheur ne s'est pas fait attendre
Car l'amour aime bien le fado
Fado, fado
On s'est regardés sans rien se dire
Aussitôt tu fleuris en sourire
Nos cœurs se sont compris sans un mot
Dans ma main
En tremblant, il pose sa main douce
Et soudain pour nos deux cœurs Il ne dit plus rien
Que le
Fado, fado
Rythmons cet amour devenu nôtre
Nous sommes partis l'un contre l'autre
Tandis que s'éloigne le fado
Fado, fado, fado.
Fontes/Mais informações: Dalida toujours / Amalistas / Conversa muita conversa / Roberto-musikal / wikipedia / kflem / Amália no mundo
2 comentários:
Olá!! Não me parece que alguém vá ler isto mas queria só acrescentar uma outra referência que descobri. Na música "L'amour à la une" do álbum J'attendrai de 1975, tem uma parte (mais precisamente o início) em que ela canta:
Quand c'est écrit sur le journal
Un homme a marché sur la lune
Un œillet fane au Portugal
Ça fait trois colonnes à la une
Isto traduzido seria algo como:
Quando está escrito no jornal
Um homem caminhou na lua
Cravo murcha em Portugal
São três colunas nas notícias
"Cravo murcha em Portugal" a meu ver será uma referência ao 25 de abril, Revolução dos Cravos. É isso, obrigada pelo tempo de quem quer que seja que tenha lido isto :)
Obrigado pelo comentário
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