sábado, 30 de junho de 2012

A vida de António José da Silva em “O Judeu” (1986-1995)



O filme é baseado na história real de António José da Silva, poeta e o mais célebre autor de teatro de Portugal do século 18, que ficou conhecido como “O Judeu”, nascido no Brasil, de origem judaica.


Para Jom Tob Azulay, o realizador, são várias as razões que motivaram o interesse de levar a cabo este projecto: o dramatismo da história, por exemplo, é uma delas, acrescido do facto de proporcionar um bom tratamento cinematográfico; o ser um tema luso-brasileiro e, simultaneamente, uma homenagem a um artista fundamental na evolução da Literatura e da Cultura dos dois países.


Sinopse

Torturado aos 20 anos pela Inquisição por crime de judaísmo, António José da Silva (1704-1736), nascido no Brasil e chamado de 'o judeu', redescobre o sentido da vida graças ao teatro de marionetes. Casa com Leonor de Carvalho, cristã-nova como ele, e frequenta os salões aristocráticos dos Estrangeirados (Iluministas) que o apoiam.

Uma denúncia de heresia contra sua prima Brites Eugênia e o espírito irreverente das comédias desse Molière português do século XVIII, o conduzem mais uma vez aos cárceres do Santo Ofício junto com a mãe, Lourença Coutinho e a mulher.


Secretário do Rei, D. João V, o brasileiro Alexandre de Gusmão, tenta libertá-lo, enquanto seu inquisidor, o jovem dominicano D. Marcos, sofre dúvidas de consciência sobre a legitimidade do processo inquisitorial. Mesmo assim, Lourença e Leonor são torturadas.

Mas, no jogo de pressões, que opõe o Rei ao Inquisidor Geral, D. Nuno de Athayde e Mello, um outro destino é reservado ao poeta: o martírio pelo fogo, que fez dele um dos mitos da história de Portugal e do Brasil.


Retrato de António José da Silva e da sua época

O objectivo fundamental é o de apresentar um retrato de António José da Silva e da sua época (o Século das Luzes, sob o reinado de D. João V): realçar, por um lado, o carácter luso-brasileiro da formação do poeta, advogado e dramaturgo nascido no Brasil e filho de pais brasileiros, e cuja obra conheceu ampla popularidade durante os séculos XVIII e XIX nos dois países, e, por outro lado, recriar um painel da época, em que sobressaem não só a trajectória pessoal do poeta e da sua família (cristãos novos perseguidos pelo Santo Ofício), como também um autêntico mosaico de personagens típicas da nobreza, clero e povo.

 
Co-produção

A produção do filme foi inicialmente assumida pelo produtor português António Vaz da Silva que não chega a concluí-la pela morte do protagonista, Felipe Pinheiro, e por problemas financeiros subsequentes. Só passados vários anos é que outro produtor português, António da Cunha Telles, aceita conclui-lo, recorrendo a um duplo para o papel do protagonista.


 
Locais de rodagem

Os primeiros dias de rodagem efectuaram-se na Sé Patriarcal de Lisboa e no Museu do Azulejo (“transformado” no gabinete do inquisidor-geral), sendo as etapas seguintes Mafra (Convento de Mafra), Óbidos, Alcobaça e Nazaré.



Elenco luso-brasileiro

O elenco luso-brasileiro é muito vasto. Entre os actores brasileiros, cerca de meia dúzia, contam-se: Filipe Pinheiro (António José da Silva), Cristina Aché (Leonor), Dina Sfat (Lourença), José Lewgoy, Edwin Luisi (Alexandre de Gusmão) , Fernanda Abreu (Brites) e Ruth Escobar (rainha D. Maria).


Dos portugueses, quase meia centena de participantes, citamos, apenas, alguns: José Neto (D. Marcos, inquisidor), Rogério Paulo (Promotor do Santo Ofício), Rui de Carvalho (padre Pantoja), Antonino Solmer (André), Mário Viegas (D. João V), Nicolau Breyner (D. Câmara, inquisidor), Laura Soveral (Maria Coutinho), e Varela Silva (João Mendes).


 Prémios

Melhor Filme; Melhor Actor Secundário (Coadjuvante) para José Lewgoy; Melhor Direcção de Arte para Adrian Cooper e Melhor Som no Festival de Brasília
 Melhor Actor Secudário (Coadjuvante) para José Lewgoy no Festival de Cartagena 
Primeiro Prémio no HBO Brasil
 

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