quarta-feira, 12 de outubro de 2011

“Língua” de Caetano Veloso e Elza Soares (1984)


“Língua” é uma canção composta por um conjunto de expressões que constroem e refazem a língua portuguesa, revisada pelas inovações brasileiras, diluídas em estrangeirismos e variações regionalistas.

É uma provocação constante e total, que rabisca a língua de Camões e de Fernando Pessoa, arrastando-a pelos vícios da linguagem das praias brasileiras e impostas pela televisão.

Na gravação original, em 1984, Caetano Veloso dividia os refrões com Elza Soares, numa composição que nos arrastava a um samba-enredo que parecia explodir nas avenidas.

“Flor do Lácio sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer o que pode esta língua?”

Letra

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”

Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

(...)

Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?


Gal Costa


Gal Costa - que regravou o tema - aguenta sozinha, em um só fôlego, o desafio de uma das mais complicadas letras do autor, que se ancora nos neologismos que nos parecem instransponíveis.

"O Cinema Falado"

No filme "O Cinema Falado", de Caetano Veloso, é referido que "Não é por acaso que, em português coloquial, Prosa quer dizer conversa, rap, charla, …"



Videos: Caetano & Elza Soares (Video pessoal) / "O Cinema Falado"

Fonte: virtualiaomanifesto

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