terça-feira, 5 de outubro de 2010

"A história seguinte” de Cees Nooteboom (1991)

Cees Nooteboom, um dos escritores neerlandeses mais importantes da actualidade, não esconde o seu fascínio por Slauerhoff, que atravessa a sua obra quer como autor, quer como personagem.

Dele diz Nooteboom: “Às vezes penso que este nómada frísio, descendente de Rimbaud e tradutor de Ruben Dário, que escreve fados e soleares, e que estava impregnado duma variedade portuguesa de melancolia – que é a saudade -, era um quinto heterónimo de Pessoa, uma sombra holandesa, chinesa, portuguesa, espanhola, por detrás de Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos, por detrás do mestre bonequeiro, cinco senhores dos anos vinte e trinta que deambulavam por Lisboa junto ao Tejo e falavam de Camões, Vasco da Gama e aguardente.

Desde jovem Nooteboom segue o seu rasto em viagens pelo mundo fora. Assim conheceu Lisboa, cidade onde desenrola parte do seu romance “Het volgende verhaal” traduzido para o português com o título "A história seguinte" (1993).

Fonte: “Camões e Macau num romance neerlandês” de Patrícia Couto com Arie Pos (adaptado)


Opinião

Um professor de literatura clássica holandês acorda um dia num quarto de hotel em Lisboa com a sensação de estar morto. «E nessa manhã tinha matéria de reflexão de sobra», comenta o personagem, que conta na primeira pessoa a sua história. Para além das curiosas referências a Lisboa e a alguns aspectos da cultura portuguesa, o livro é mais do que isso uma reflexão sobre a existência, uma retrospectiva que o protagonista faz da sua vida e respectivos dilemas.

O tema, sendo sério, é no entanto tratado com humor e enquadrado por fascinantes referências à literatura clássica greco-latina - os tais mitos que condensam tão certeiramente a condição humana.

Fonte: Scopos

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