sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Lisbonne" de Alain Barriére (1961) e Robert Desnos (1931)

Robert Desnos (1900-1945) foi um poeta surrealista francês falecido durante a 2ª guerra mundial no campo de concentração de Theresienstadt (Checoslováquia).

Apaixonado por Youki (a belga Lúcie Badoud), com quem vivia desde 1930, representou-a como uma sereia em alguns dos seus poemas, nomeadamente no longo poema "Siramour" (contração de Sereia e Amor), publicado em 1931, que contém várias referências à cidade de Lisboa.

Em 1962, o cantor francês Alain Barriére lançou o seu segundo EP, com 4 novas canções, sendo "Lisbonne" construída a partir do texto de Robert Desnos com música do próprio cantor.

O tema foi igualmente incluído no disco ao vivo "Concert Musicorama, volume 2".

Porquê Lisboa ?

A priori, este belo poema (como muitos outros!) Não significa muito ... Mas já se sabe que na obra de Desnos, a sereia é a sua namorada Yuki.

Mas porquê Lisboa ? Certamente por ser um porto (apropriado para as sereias) localizado numa região do sul. Mas será que Youki viveu em Lisboa no passado ? Ou será apenas para rimar com "bella donne" ...

Outras versões

O texto de Robert Desnos foi também musicado por Serge Renard e interpretado por Colombe Frezin no seu disco de homenagem a Robert Desnos (publicado em Março de 2003).

E existe igualmente uma terceira versão interpretada por Michel Arbatz no disco "Vous avez le bonjour de Robert Desnos"(1995).

Letra

Nous irons à Lisbonne
Âme lourde et cœur gai
Cueillir la belladone
Au jardin que j'avais

Lisbonne est jolie
La fumée des vapeurs
Sous la brise mollie
Prend des formes de fleurs

Jadis, une sirène
A Lisbonne vivait
Semez, semez la graine
Au jardin que j'avais

(...)



Texto original (Poema)

Semez, semez la graine
Aux jardins que j'avais.
Je parle ici de la sirène idéale et vivante,
De la maitresse de l'écume et des moissons de la nuit
Où les constellations profondes comme des puits grincent de toutes
leurs poulies et renversent à plein seaux sur la terre et le sommeil
un tonnerre de marguerites et de pervenches.
Nous irons à Lisbonne, ame lourde et coeur gai
Cueillir la belladone aux jardins que j'avais.
Je parle ici de la sirène idéale et vivante,
Pas la figure de proue mais la figure de chair,
La vivante et l'insatiable,
Vous que nul ne pardonne,
Ame lourde et coeur gai,
Sirène de Lisbonne,
Lionne rousse aux aguets,
Je parle ici de la sirène idéale et vivante.
Jadis une sirène
A Lisbonne vivait.
Semez, semez la graine
Aux jardins que j’avais.
(...)

Fontes: página oficial de Alain Barriére / wikipédia / wikilivres

Audio

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