sexta-feira, 3 de julho de 2009
Carsten Wilke lança "História dos Judeus portugueses"
O percurso histórico dos judeus portugueses é "um dos mais bem estudados da história judaica", afirma Carsten Wilke que defende que a história dos judeus portugueses tem "um trajecto singular" e não um anexo da de Espanha.
Segundo o autor, o livro constitui uma "síntese de vinte séculos de civilização judeo-portuguesa", destinando-se "a um público não especializado".
Carsten L. Wilke referencia quatro pontos essenciais da história dos judeus portugueses:
o período medieval;
a conversão forçada,
a dispersão; e:
o "renascimento judaico" em 2000.
No período medieval, "Portugal garantia aos judeus mais protecção e segurança que qualquer outro país europeu".
Em 1497 D. Manuel I decreta a conversão ao cristianismo, e a "retracção do judaísmo" que se lhe seguiu promoveu uma clandestinidade precária e "a dispersão da comunidade judaica por todos os cantos do mundo".
Esta dispersão, segundo Wilke, foi "confortada por um judaísmo reinventado" e fez criar uma "consciência judeo-portuguesa", que "forneceu um dos exemplos mais acabados de um particularismo étnico no seio do povo judaico".
A data de 1964 torna-se essencial, quando o jornalista Inácio Steinhardt estabelece o primeiro contacto com a comunidade judaica de Belmonte, "a única que perdurou".
A partir da década de 1980 foram-se constituindo espaços da comunidade como locais de oração até que em 2000 se deu o que o autor considera um "renascimento judaico" quando é inaugurado um cemitério judeu em Belmonte. Quatro anos depois foi inaugurado um Museu.
Imaginário nacional
Portugal tem um olhar único sobre a história judaica. No imaginário nacional, o judaísmo pertence não apenas à sua tradição cultural, mas também à sua genealogia.
Na época medieval, os monarcas portugueses garantiram aos judeus mais protecção e segurança do que qualquer outro país europeu.
A entrada de Portugal na era moderna fez-se, porém, no decurso de um processo de "cristianização" violenta de toda a sua vasta comunidade judaica, e os descendentes desta, quando não puderam, ou quiseram, sobreviver como judeus no exílio, misturaram-se em grande número ao resto da população.
Os que se exilaram e vieram a fundar, ou desenvolver, dezenas das mais dinâmicas comunidades judaicas do mundo moderno, nem por isso deixaram de reivindicar além-fronteiras a identidade contraditória de "judeus do desterro de Portugal".
Há mais de um século que esta história complexa e absolutamente singular apaixona estudiosos dos mais variados ramos do saber, dentro e fora de Portugal. E se hoje os aspectos parcelares de dois milénios de civilização judeo-portuguesa estão amplamente estudados, são também dos mais mal resumidos, o que explica que sejam tão mal conhecidos fora dos círculos especializados. A presente síntese vem colmatar essa lacuna.
Fonte: Lusa (adaptado)
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