segunda-feira, 23 de março de 2009

Tony D' Algy em Hollywood


Muitas décadas antes de Joaquim de Almeida ter começado a singrar no cinema americano, um outro actor português, hoje quase totalmente esquecido, procurou fazer carreira em Hollywood, ainda o cinema não dizia uma palavra.

Chamava-se António Eduardo Lozano Guedes Infante, nasceu em Luanda, em 1897, de pai português e mãe espanhola, morreu em Lisboa, 80 anos mais tarde, e usou o nome artístico de Tony D'Algy [inspirado nas suas iniciais A.L.G.I.].

Podemos recorrer ao cinema português para o identificarmos na nossa memória, porque ele interpreta o papel do Comandante, o vizinho rico de António Silva e sua família em "O Leão da Estrela" (1947), de Arthur Duarte, e também o de Sousa Morais, o agente de Amália Rodrigues em "Fado, História de uma Cantadeira" (1948), de Perdigão Queiroga.

Com Joan Crawford, na sua estreia no cinema, em "The Boob" (1926)

O primeiro filme registado de Tony D'Algy foi um mudo feito nos EUA, data de 1924, e é um drama intitulado “The Rejected Woman”, cujo elenco era encabeçado por Bela Lugosi.

Ainda nesse mesmo ano, D'Algy contracenou com Rudolfo Valentino em “Monsieur Beaucaire”. Foi apenas um papel secundaríssimo, mas fica para a pequena história do cinema que um actor português se cruzou num filme com o mito Valentino. E participou igualmente em “A Sainted Devil”, um filme que juntava Valentino com Helena D’Algy, sua irmã.

Quase sempre metido em personagens com características de "amante latino", Tony D'Algy ficou por Hollywood mais um par de anos, e chegou a ser dirigido por nomes como William Wellman (em "The Boob", o filme de estreia da grande actriz Joan Crawford) e John Stahl, embora sempre em papéis de segundo ou terceiro plano, e sempre referido nas fichas técnicas dos filmes como Antonio D'Algy ou Tony D'Algy.


Além de ter trabalhado em Hollywood (sendo de destacar os cerca de 9 filmes realizados entre 1924 e 1926), trabalhou sobretudo na Europa (em Espanha, França e Itália).

 Em 1927, Tony D’Algy experimenta a realização, mas sem grande sucesso, primeiramente com “The Reckless Mollycoddle” (ainda nos E.U.A.), e, posteriormente, com “Raza de hidalgos” (“A Race of Noblemen”), uma co-produção hispano-alemã, tendo como protagonistas Tony e Helen D’Algy. 

Em 1929 começa a trabalhar em França, actuando em filmes como "Figaro", "La Roche d'amour" ou "Un clown dans la rue".


A Paramount inicia em 1930 a sua produção na Europa a sua produção, e como Tony d'Algy já trabalhava em França, é chamado a colaborar nos filmes feitos em Joinville, aparecendo em filmes como "La Fiesta del Diablo" e "Lo mejor es reir", este último protagonizado pela grande actriz espanhola  Imperio Argentina. 

A Argentina é depois o seu novo ponto de mira, trabalhando  nos estúdios de Buenos Aires em filmes como "Mateo" e  "Papa Chirola", ambos de  1937. 

Em 1940 volta à Europa, desta vez a Itália, interpretando na Cirecitta duas co,produções italo-espanholas: “La nascita di Salomè” de Jean Choux (num pequeno papel) e ”Lluvia de Millione” de Max Neufeld

Um ano depois regressa a Espanha, actuando em filmes como “Crucero Baleares”, “Polizon a bordo”, “Todo por ellas”, “Primer Amor” ou “Torbellino, sendo de destacar o filme "Cem Anos Depois" de Ladislao Vajda em 1944.

O último filme de Tony D'Algy, feito em 1949, foi, precisamente, rodado em Espanha. Morreu em Lisboa a 29 de Abril de 1977.

Fontes: Eurico de Barros (DN) / Revista Animatografo (em "À pala de Walsh") / Blogue pessoal de Paulo Borges













1 comentário:

Blogger disse...

Excelente artigo sobre os irmãos D'algy em http://www.apaladewalsh.com/2018/10/o-fabuloso-destino-dos-irmaos-dalgy/