segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Estoril e a II Guerra Mundial (II)



O Portugal da II Guerra vivia em paz, mas sob os efeitos da ditadura salazarista. Era o “paraíso triste”, como lhe chamou Antoine de Saint-Exupery, o autor de “O Principezinho”, que passou pelo Hotel Palácio, antes de se instalar numa moradia ao pé do Casino. O Estoril era um mundo à parte do resto do País.

A ‘Riviera’ planeada por Fausto Figueiredo, em 1935, [à semelhança de Biarritz], oferecia a paisagem, a praia, vida nocturna, restaurantes de luxo e pastelarias de qualidade como a Garrett e a Deck que ainda existem.

Acolheu os cineastas Max Ophuls e Jean Renoir, o sociólogo romeno Mircea Eliade, que começou a escrever no Estoril o seu “Tratado da História das Religiões”, o Nobel da Literatura de 1941, o conde belga Maurice Maeterlinck, o economista John Keynes. E nas encostas do Monte Estoril instalaram-se a grã-duquesa Carlota do Luxemburgo (1940) e os arquiduques da Áustria-Hungria Otto e José de Habsburgo (1940).


Mesmo depois da guerra continuaram a chegar exilados. Os condes de Barcelona instalaram-se na Vila Giralda, em 1946. A casa, que ainda hoje existe, foi palco de encontros vários de monárquicos anti-franquistas, que se reuniam com o pai do actual rei de Espanha, Juan Carlos.

No mesmo ano, Humberto II trocava a Itália do pós-guerra pela baía de Cascais. Carol II da Roménia, que abdicou do trono em 1920, chegou em 1947 com a sua terceira mulher, Magda Lupescu. Morreu no Estoril, em 1953.

-- As tropas alemãs abateram um avião no qual viajava o actor Leslie Howard, porque uma falsa informação proveniente de Portugal referia que o primeiro ministro britânico Winston Churchill ia a bordo.

---Tentativa de rapto de Eduardo de Windsor (Eduardo VIII), que abdicou do torno para casar com Wallis Simpson.

Revista “Conhecer”, nº 2


Fausto Figueiredo (1880-1950) foi responsável pela criação da Costa do Estoril como destino de férias de excelência. Quando a crise e a I Guerra Mundial obrigavam à contenção, criou uma sociedade que deu origem ao casino, a um dos mais antigos campos de golfe de Portugal e ao Hotel Palácio, no Estoril.

Aqui vão hospedar-se espiões, artistas de cinema e refugiados de guerra. Aproveitavam a neutralidade do País e a linha de comboio electrificada, que tinha uma paragem junto à praia. Mais do que um projecto pessoal, Figueiredo acreditava que podia transformar esta zona da marginal num destino turístico internacional. A história deu-lhe razão.

Fonte: RTP (Grandes Portugueses)

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