segunda-feira, 10 de março de 2008

"Seara de Vento" de Manuel da Fonseca (1958)


"Em Bratislava (na Eslováquia) encontrei um operário da indústria pesada (na sua casa, que visitei, havia uma biblioteca de mais de três mil livros) cuja preocupação imediata era aprender francês para ler Corneille no original. As excelentes traduções não lhe bastavam.

E em Terezín, numa granja agrícola, um camponês mostrou-me orgulhosamente, a versão checa da “Seara de Vento”, de Manuel da Fonseca – um entre vários outros escritores portugueses que possuía numa sala apenas destinada a livros. Falou-me de Amanda Carrusca, a velha camponesa da “Seara...”, como quem fala de uma tia distante mas sempre próxima. ‘O seu povo é assim, meu amigo ? – perguntou-me. – O seu povo é como Amanda Carrusca ?’"

Fonte: Baptista-Bastos, “Capitão de Médio Curso” (*)

(*) Ensaio de biografia publicado em 1978, que se dividia em três áreas: “no curso doméstico”, “No curso da amizade” e “No curso das Viagens”.


Manuel da Fonseca, verdadeiro clássico do romance neo-realista português, além de poeta e contista, escreveu o romance "Seara de Vento" (1958), obra famosa pela apreensão de aspectos da vida dos camponeses no plano da ficção, em que o tratamento da antinomia cidade-campo é bem diverso do uso tradicional.
(...)
Em "Seara de Vento", de Manuel da Fonseca, dois personagens se impuseram: o vento (antropomorfizado) e Amanda Carrusca, mulher pequena, esquelética, mas indomável na força anímica que desde o inicio evidencia.

Fonte: passeiweb

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