"O Conde de Monte-Cristo" é uma mini-série franco-italo-alemã em quatro episódios de 90 minutos, adaptada da obra de Alexandre Dumas, com Jacques Weber no papel de Edmond Dantes, sob direcção de Denys de La Patellière e difundida entre 29 de Dezembro de 1979 e 19 de Janeiro de 1980 no canal francês FR3.
A RTP participou com mais de 60 técnicos, além de numerosos actores em papéis de destaque e cerca de 1600 figurantes.
O papel da RTP foi também determinante na produção: as filmagens, que decorreram entre março e junho de 1979, foram realizadas em Portugal, devido à beleza dos décors naturais que o nosso país possuía, assim como ao “cansaço do público francês em ver sempre os mesmos cenários, geralmente utilizados neste género de filmes”, segundo explicação do realizador, Denys de la Patellière.
"Encontrámos em Portugal décors soberbos que não são conhecidos dos franceses. Convinham perfeitamente ao estilo do filme, que deveria ter também interiores diferentes dos parisienses clássicos. Todos os interiores de grande classe são parecidos uns com os outros em Paris: móveis estilo Luís XV ou Luís XVI, todos iguais.
Actores portugueses:
Paulo Renato e Diogo Dória |
Carlos de Carvalho (no papel de Franz d'Epinay), Diogo Dória (Maximillien Morrel), Carlos César (Martuccio), Luís Santos (pai de Dantes) e Paulo Renato (Morel) foram alguns dos actores em maior destaque.
É igualmente de realçar a participação de muitos outros, tais como Suzana Borges (mulher no baile), Manuel Cavaco (guarda prisional), Luís Cerqueira (aio), Isabel de Castro (esposa de Gaspard), Alexandre de Sousa (Polícia), Baptista Fernandes (Juíz), Morais e Castro (empregado do Hotel), Leonor Pinhão (Eugénie Danglars), Curado Ribeiro (Marquês de Bagville), Artur Semedo (Marquês Cavalcant), Elsa Wallencamp e Sinde Filipe.
Os cantores Vitorino Salomé e Sérgio Godinho |
Locais de rodagem:
Os locais escolhidos para as filmagens incluíram: Porto de Peniche, Convento de Mafra, Grutas de Mira de Aire, Loures, Óbidos, Algarve, Forte de São João Baptista (Berlengas), Quinta das Torres (Azeitão), Sanatório Grandella (Montachique), Quinta da Penha Verde (Sintra), Palácio de Seteais (Sintra), Castelo de Sesimbra, Palácio de Queluz, Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa), Palácio Palmela, Casa do Duque de Palmela, Teatro de S. Carlos, Teatro Nacional D. Maria II, Hotel Avenida Palace, Palacetes particulares, ...
Peniche viu o seu porto transformar-se no porto da cidade francesa de Marselha no século XIX. O seu cais foi “inundado” com os típicos lampiões do fim do século passado.
Mafra “virou” Roma de 1838: um grandioso carnaval ao estilo da época desfilou pela rua fronteiriça ao convento de Mafra, totalmente transformada numa artéria de Roma.
E as fachadas dos prédios foram totalmente transformadas, reproduzindo fielmente a arquitectura daquele tempo.
Na impossibilidade de ser utilizado o grande estúdio da Tobis, a produção resolveu transformar uma garagem, para os lados de Caneças, num estúdio improvisado onde instalou o Castelo de If. Em menos de dois dias, montou-se todo um conjunto de estruturas que proporcionaram o ambiente necessário a uma prisão da época. E não faltaram os subterrâneos e os corredores para uma fuga.
Denys de La Patellière durante a rodagem em Portugal |
Queixas
Independentemente do sucesso junto do público, e depois de uma forte propaganda feita pela circunstância de se tratar de uma realização com maioria de mão-de-obra nacional, a série trouxe algumas dores de cabeça aos nossos profissionais que nela participaram.
Contra todas as regras deontológicas, os genéricos omitiam quase por completo o trabalho dos portugueses, sendo apenas referidos – e em situação de subalternidade – três dos mais de sessenta especialistas em tarefas diversas.
Apenas apareciam no genérico os nomes de Manuel Costa e Silva, responsável português pela produção; António Escudeiro, director de fotografia, relegado para terceiro lugar, depois de técnicos de imagem que não estiveram sequer em Portugal, onde se rodaram mais de 90% das cenas; e o segundo assistente de realização, José Torres. Esquecidos ainda pela produção francesa foram muitos dos actores, também a rondar as várias dezenas.
Também os locais onde decorreram as filmagens não foram mencionados, com excepção do Palácio de Queluz. Teria havido, inclusive, acordos relativamente a algumas das localizações, como por exemplo as grutas de Mira de Aire, que condicionavam a cedência das mesmas a uma menção no genérico.
Abade Faria
O Abade Faria, que ajuda Edmond Dantés a escapar do castelo de If e lhe revela a localização do seu tesouro na ilha de Monte-Cristo, é inspirado num padre e cientista luso-goês que se destacou como um dos primeiros estudiosos da hipnose, mas na obra de Alexandre Dumes é um padre italiano condenado por crimes com implicações políticas.
Fontes/Mais informações: Brinca Brincando (fonte principal) / Imdb / wikipedia / DVD mania
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2 comentários:
"...
Contra todas as regras deontológicas, os genéricos omitiam quase por completo o trabalho dos portugueses, sendo apenas referidos – e em situação de subalternidade – três dos mais de sessenta especialistas em tarefas diversas."
Depois destas palavras está tudo dito...
A falta de respeito pelo trabalho de cada um está aqui patente...
Grata pela óptima partilha que faz neste blogue.
Esta série está agora a passar na Rtp Memória e com esta publicação tive a certeza da razão pela qual alguns atores me pareciam familiares. Excelente informação. Obrigado.
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