terça-feira, 15 de setembro de 2015
Exploradores portugueses em "As minas de Salomão" (1885) de H. Rider Haggard
"As minas de Salomão" foram o resultado de uma aposta que Haggard fez com o seu irmão. A aposta consistia em escrever uma história que superasse o êxito de "A Ilha do tesouro", de Robert Louis Stevenson.
A narrativa, basicamente, refere-se a aristocratas ingleses que buscam um parente perdido, auxiliados pelo caçador Allan Quatermain e um nativo chamado Umbopa. Estes partem em busca das míticas minas de ouro do rei Salomão, cujo trajecto é fornecido por um antigo mapa, feito no século XVI por um português chamado D. José Silveira.
A história, recheada de extraordinárias aventuras, tribos misteriosas, perigos inesperados e fabulosas paisagens, foi publicada em 1885 e converteu-se num autentico best-seller, tendo sido adaptada para português por Eça de Queirós, e publicada entre 1889 e 1890.
José Silveira e Dom José Silveira
Ninguém sabe onde ficam essas minas, que escondem valiosas "arcas" de diamantes. Nem ninguém sabe de quem as tenha descoberto ou, até, de quem delas tenha saído com vida.
Muitos se aventuraram para lá desse deserto e Quartelmar (Quatermain no original) sabe várias histórias. Como a do português, José Silveira, que para lá foi e de lá voltou feito cadáver. Como a do antepassado do português José Silveira, com "Dom", o fidalgo que fez o mapa dessa zona além das montanhas.
E o Silveira sem "Dom" disse, no delírio da morte: "Lá estão elas, Santo Deus lá estão elas!... E dizer que não pude lá chegar! Parecem tão perto! Logo ali, uns passos mais... E agora acabou-se, estou perdido, ninguém mais pode lá ir!" E deu a Quartelmar o segredo das minas.
Silvestre/Silvestra/Silveira
No livro original, as minas são descobertas por um Português quinhentista, José Silvestre (por vezes mal-escrito no original "Silvestra" ou "Sylvestra"). Eça traduz o nome do explorador para José Silveira.
Quatermain obtém o mapa com o caminho para as Minas através de um descendente de José Silveira de Lourenço Marques que lhe morre nos braços depois de, aparentemente, ter novamente sido um precursor dos Ingleses no caminho para as Minas.
Sylvestra foi interpretado no cinema por Arthur Goullet no filme inglês de 1937 (o personagem é creditado como Sylvestra Getto).
Porquê a referência a um explorador português ?
Haggard recorreu à tradição lusitana na África Austral e seus conhecimentos sobre o reino de Monomotapa.
Também foi influenciado pelo modelo narrativo típico de narrativas fantásticas oitocentistas, onde os aventureiros seguem uma rota baseada em um explorador desaparecido que os antecedeu (a exemplo de Júlio Verne em "Viagem ao centro da Terra" de 1864).
Fontes: Biblioativa.ler / wikipedia / Bibliologista
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