sábado, 15 de agosto de 2015

“Dawn” de H. Rider Haggard (1884) e outras histórias madeirenses


Muitos autores estrangeiros situaram os seus romances na Ilha da Madeira. Alguns dos escritores nunca visitaram a Madeira. Na opinião de Donald Silva, a ilha surge nas criações literárias de diversos escritores porque desde cedo os estrangeiros desenvolveram uma certa visão romântica da Madeira. Este romantismo cresceu no Séc. XIX, com os diários de viagem e outros documentos, e a Madeira, claro, tornou-se muito conhecida no Século XX. 

Provavelmente o escritor inglês H. Rider Haggard, que visitou a Madeira em 1881, no regresso da África do Sul para Inglaterra (após a derrota dos ingleses em Majuba Hill), terá sido o primeiro escritor estrangeiro a localizar a acção de um romance na Madeira.


Em "Dawn", um melodrama Vitoriano do escritor britânico em três volumes, que foi o seu primeiro romance, o jovem Arthur Heigham é o herói que se apaixona por Angela Caresfoot. O dominador pai da jovem é contra a relação e Arthur concorda em se se afastar de Angela durante um ano.

Arthur vai para a Ilha da Madeira. Durante a viagem de barco conhece uma mulher mais velha, Mildred Carr, que vive na Madeira e que acaba por se apaixonar por ele. A Quinta Vígia é descrita em “Dawn” como Quinta Carr onde o Arthur e Mildred Carr fazem amor.

Arthur conhece também os Bellamy que estão na Madeira por questões de saúde de Lord Bellamy. Arthur acompanha Lady Bellamy a um desfile para ouvir a banda tocar. Lady Florence e Mrs. Velley são outras personagens britânicas que residem na Ilha da Madeira e Mildred recebe o governador da Madeira.

Quando retorna para Inglaterra encontra Angela casada com o seu pérfido primo George.

Após regressar à Madeira fica a saber que Angela foi obrigada a casar com o primo. George acaba por morrer e Arthur volta para casar com Angela, deixando Mildred destroçada.


Sax Rohmer

“Moon of Madness” (1927) do escritor inglês Sax Rohmer (pseudónimo de Arthur S. Wade), criador do Dr. Fu-Manchu, que chegou a viver na Madeira, é outro dos exemplos mas antigos. O livro conta a história de um agente secreto irlandês que, juntamente com uma agente norte-americana, persegue um espião por toda a Europa, culminando num confronto fatal na Ilha da Madeira.

Em "Black Magic" o Dr. Sarafan era um respeitável residente da Ilha da Madeira.

Noutro dos seus livros, "The Affairs of Sherlock Holmes", um dos personagens, Ma Lorenzo, é meio português.


Ann Bridge e outras escritoras britânicas que viveram na Madeira

Várias escritoras britânicas viveram na Madeira, como as irmãs Margaret Emily Shore (1819-1839), Arabella Shore (1822-1900) e Louisa Catherine Shore (1824-1895), Jane Wallas Penfold (1821-1884), Isabella de França (1795-1880), a prolífica Evelyn Everett-Green (1856-1932) e Ann Bridge (1889-1974).

“The Malady in Madeira” (1970) de Ann Bridge (pseudónimo de Mary Ann Dolling O'Malley) é um dos mais arrepiantes livros situados na Madeira, relatando a realização por parte da Russia de testes de gás nervoso em ovelhas selvagens. Mrs. Hathway vai para a Madeira por questões de saúde e é acompanhada por Julia Probyn. Aí encontram Aglaia a esposa de Colin Munro, que estava a recuperar de um acidente de carro em que perdeu o seu bébé. Colin acaba por descobrir que os russos estão a testar na Madeira o mesmo gás que testaram no Médio Oriente e que terá provocado a morte do marido de Julia.

O livro faz parte da série "Julia Probyn mystery series" que inclui igualmente "The Portuguese Escape" de 1958.


Dorothy Dunnett

A escritora escocesa Dorothy Dunnett (1923-2001), autora da série de aventuras "The house of Niccoló" (banqueiro e mercador do século XV), descreve no 4º livro da série, "Scales of God" (de 1991), uma breve visita de Niccoló à Madeira.

A acção decorre em Veneza, Espanha, Madeira e África, durante uma viagem em busca do Ouro africano e da rota do Preste João.


Denise Robins

Em “Dark Corridor” (de 1974), da escritora inglesa Denise Robins (1897-1995), conhecida como "Queen of Romance", a jovem Corisande Gilroy está noiva de Martin, que considera o homem mais maravilhoso do mundo. Mas quando Corrie o procura no hotel da Madeira, onde iriam passar férias, ele não se encontra lá. O quarto está vazio, a mala está apenas parcialmente feita e nem sinal de Martin apesar dos esforços da polícia local. Será que ele desapareceu no corredor escuro que lhe apareceu em sonho.

Fontes: Marina Oliver (Literary thrills in Madeira em Revista "Brit in Madeira" de Outubro de 2013, pág. 18) /  Vista da serra / Laureano Macedo (Quem foram as escritoras madeirenses do passado) / Prefer reading (Ann Bridge)

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