quinta-feira, 29 de abril de 2010

"O Fado e o Cravo De Abril" de Abilio Manoel


O tema da flor novamente aparece numa canção, desta vez do músico português Abílio Manoel, radicado em São Paulo desde sua infância. Ele dedicou uma canção à Revolução dos Cravos intitulada "O Fado e o Cravo de Abril".

Esta, por sua vez, foi selecionada para participar do Festival Abertura, organizado pela Rede Globo de Televisão em 1975.

Censura

Entretanto, de acordo com o depoimento de Abílio, esta canção foi vetada pela Censura Federal e ele recebeu da Rede Globo uma passagem aérea para Brasília para negociar pessoalmente a liberação da canção junto ao então Ministro da Justiça, Armando Falcão, que não atendeu seu pedido.

Esta prática era corrente, qual seja, delegar a alguns dos autores a responsabilidade de negociar com os censores a liberação de suas canções. Proibida "O Fado e o Cravo de Abril", de Abílio Manoel, a música só seria gravada no LP "América Morena", de 1976, mediante a alteração do título para "O Cravo e o Fado de Abril".

Ao ritmo de fado ...

Esta canção em ritmo de fado recupera imagens características das canções que estabelecem uma relação entre a primavera e o fim de uma dada situação política, comummente autoritária.

Outra passagem que caracteriza bem o período de liberdade vigiada está no trecho "conversas de esquina", afinal como em toda ditadura, qualquer agrupamento de pessoas nas grandes cidades portuguesas era observada pela polícia política e, no limite, até mesmo coibida.

Fonte: Alexandre Felipe Fiuza (adaptado)

Letra

Os gritos roucos
O mês de abril
E agora a vida que não se viu.

Os lenços brancos
No cais do porto...
Meu coração anda solto.

Uma vontade de voltar,
Rever as flores
Que aqui não há
Seguir cantando o dia novo
E o coração do meu povo.

E o som das guitarras na rua,
Conversas de esquina,
Varinas, cantigas...
O fado e o cravo de abril.

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